DIA 1º DE DEZEMBRO DE 2012 O CORAL DO CECUNE VISITOU PALMARES DO SUL
para
homenagear Norma Marques Bernardes, que durante sua vida teve estreito convívio com afrodescendentes , convívio que,
na família já vinha de mais de 100 anos, desde suas bisavós e tataravós.
É por isso que o Coral do CECUNE está aqui – para valorizar as relações
multiculturais. Neste país constituído
por diversas culturas, aos indígenas de diversas nações, que aqui habitavam,
juntaram-se povos europeus –
portugueses, no início, seguidos por
povos africanos e, mais tarde, por mais
povos europeus - italianos, alemães em grande maioria. Essas culturas
todas conviveram, se influenciaram
mutuamente e também mantiveram seus patrimônios de hábitos e costumes. Conhecer
e preservar essas identidades culturais
que estão dentro da nossa grande identidade de Brasil faz parte do nosso
processo de educação. Hoje estamos rememorando
a trajetória de vida de Norma Marques Bernardes descendente de
portugueses que se confunde com a trajetória da família Baptista Rosa,
descendente de africanos. Essa
aproximação nos motiva a conhecer, além
de hábitos e costumes dos povos
africanos, também um pouco das línguas nativas da África que vieram para
o Brasil. O resgate de aspectos da cultura de todos esses povos que construíram o Brasil sempre passou
pela preservação das suas línguas
nativas. Em relação aos povos africanos que para cá vieram, há um universo
imenso de línguas a se conhecer.
A maioria dos
países da África tem como oficial uma
língua imposta no período da colonização: francês, inglês, português, árabe,
afrikaans. Mas alguns países têm língua oficial nativa: somali na Somália,
amárico na Etiópia, swahili na Tanzânia, Quênia e Uganda; Zulu, Xhosa e outras
na África do Sul, suazi na Suazilândia, malgaxe em Madagascar. Finalmente, é
bom lembrar que em certos países existem línguas importantes, com grande número
de falantes, embora não sejam oficiais: é o caso das línguas yoruba, hausa e
igbo na Nigéria. No continente africano existem cerca de 1500 línguas faladas,
entre idiomas oficiais e dialetos reconhecidos.
Programa apresentado:
Xirê para Oxum, cantada na língua yorubá, é uma canção dirigida à deusa das águas doces, a
quem se pede força vital ( axé), roupas (axó) ; alimentos (unjé), calçados
(batá) , recursos financeiros
(owó), habitação (ilê), e
descendência/filhos (Omó). Desde
tempos primórdios, a humanidade tem
procurado saber o que é o princípio de
todas as coisas.
Os primeiros filósofos acreditavam que a água fosse
o principio da vida. Hoje sabemos que 65 a 70% do nosso corpo é
constituído por água, o planeta terra tem 75% do seu volume de água. Os povos africanos sempre reverenciaram a
natureza, a água, responsável pela vida tanto
humana, quanto animal e vegetal e que na forma dos rios facilitava o deslocamento, o comércio e a
circulação das riquezas.
,Nobody Knows (em
inglês) . Música cantada por negros
americanos em suas celebrações de quando
buscavam forças para superar os sofrimentos
nas terras do novo mundo. Em
tradução livre significa: Ninguém sabe
dos problemas que tenho, mas Jesus sabe. Gloria, aleluia.Há momentos em que estou
para cima, momentos que estou para baixo. Sim senhor estou quase no chão. Eu
nunca vou esquecer aquele dia, em que Jesus lavou os meus pecados, Glória, Aleluia!
Caçador
de Mim, de Milton Nascimento cantor e compositor negro brasileiro que todos conhecem.
Tributo a Jeová – gospell
- um estilo negro de cantar dos negros norte-americanos
Pagando promessa - canção relacionada com os maçambiques e quicumbis,
celebrações afro-católicas do Rio Grande do Sul, preservadas no litoral norte
do estado.
Vamos mudar de estilo musical e
cantar, SINA de Djavan
Meu cabelo em paz (RAP)
Autores: Lessandro Lara (Koyadê)
e Oliveira Silveira
Cantos, Contos e Lendas (Rap)
Autores: Jonatas Prates e
Eduardo da Silva Amaro ( compositor da cidade de Pelotas)
João
Bosco e Aldir Blanc compuseram na década
de 70 um samba-enredo em homenagem a João
Cândido Felisberto, o marinheiro negro, gaúcho que comandou a Revolta da
Chibata, em 1910, no Rio de Janeiro,
levante contra a situação que imperava
na Marinha Brasileira de castigar os marinheiros, que eram em maioria negros,
com chibatadas, mesmo depois de abolida a escravidão. A letra original foi
alterada pela censura do governo militar da época. Mestre-sala
dos mares, com sua letra original.
Autores: Rodolfo, Jonas e Luiz Carlos da Vila
O Jornal local publicou a seguinte nota:
MÊS DE NOVEMBRO É O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
Até o início da década de 1970, a principal comemoração relativa ao fim da escravidão no Brasil era o 13 de Maio – data em que a princesa Isabel assinou a chamada Lei Áurea, extinguindo oficialmente a escravidão. Mas o fim da Escravidão, não trouxe nenhum direito ao povo negro; direitos básicos como: trabalho, moradia, saúde e educação. Inclusive a Lei Aurea era composta de somente 2 ( dois) artigos, o primeiro dizia que era extinta a escravidão no Brasil, e o segundo que se revogava qualquer disposição ao contrário. O povo negro após Lei Áurea se tornaria o favelado de hoje. Em 1971, porém, em plena ditadura militar, um grupo de militantes negros do Rio Grande do Sul, entre eles o professor Oliveira Silveira, decidiu que a melhor data para se pensar no que foi a “Abolição da Escravatura”, seria a da possível morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1695. Zumbi morreu em combate, após comandar durante mais de uma década um movimento de resistência contra a escravidão. Chegou a reunir milhares de rebeldes no Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Zumbi dos Palmares torna-se símbolo de resistência e força para o povo negro.
Será que ainda existe preconceito racial? Aqui em Palmares do Sul?
Alguns Baptista Rosa, respondem: Não adiantou terem sido chamados de BIGUÁ da Norma, ou falaram que estavam fazendo Festa na Senzala da Norma. Neste caso a Afetividade falou mais alto, foi a mãe branca de Norma Bernardes que amamentou o filho de uma negra. E no mês da Consciência Negra. Os negros: Eulália. Lauro, Angelita, Conceição e Leonardo, prestam homenagem a esta anciã Norma Marques Bernardes, que já foi chamada até de princesa Isabel e que neste ano completa 85 anos, e ajudou sua mãe a criar 5 negros. Norma é neta de um dos fundadores de Palmares, a última Bernardes legítima desta linhagem, seu avô doou as terras, onde estão a praça central e a Igreja matriz no centro de Palmares do Sul.
Será dia primeiro de dezembro com a divulgação do Caderno de Doces Receitas e Recordações de Norma Bernardes e a presença do CORAL do Centro Ecumênico da Cultura Negra CECUNE, de Porto Alegre. O trabalho do Coral do CECUNE Junto ao público, nas suas relações com a comunidade escolar ou em espaços culturais, se qualifica como instrumento pedagógico que se soma a outras tantas iniciativas direcionadas para o cumprimento da Lei Federal nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, que institui a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, e que também inclui no calendário escolar o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.