quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

 DIA  1º DE DEZEMBRO DE 2012 O CORAL  DO CECUNE  VISITOU PALMARES DO SUL


para homenagear  Norma Marques Bernardes,  que durante sua vida teve   estreito convívio com   afrodescendentes ,  convívio que,  na família  já vinha de  mais de 100 anos, desde suas bisavós e tataravós. É por isso que o Coral do CECUNE está aqui – para valorizar as relações multiculturais.  Neste país constituído por diversas culturas, aos indígenas de diversas nações, que aqui habitavam, juntaram-se  povos europeus – portugueses, no início,   seguidos por povos africanos e,  mais tarde, por mais povos europeus - italianos, alemães em grande maioria. Essas culturas todas  conviveram, se influenciaram mutuamente e também mantiveram seus patrimônios de hábitos e costumes. Conhecer e preservar essas  identidades culturais que estão dentro da nossa grande identidade de Brasil faz parte do nosso processo de educação. Hoje estamos rememorando  a trajetória de vida de Norma Marques Bernardes descendente de portugueses que se confunde com a trajetória da família Baptista Rosa, descendente de africanos.  Essa aproximação nos  motiva a conhecer, além de hábitos e costumes dos povos  africanos, também um pouco das línguas nativas da África que vieram para o Brasil. O resgate de aspectos da cultura de todos esses povos  que construíram o Brasil sempre passou pela  preservação das suas línguas nativas. Em relação aos povos africanos que para cá vieram, há um universo imenso de línguas a se conhecer.
A maioria dos países da África tem como  oficial uma língua imposta no período da colonização: francês, inglês, português, árabe, afrikaans. Mas alguns países têm língua oficial nativa: somali na Somália, amárico na Etiópia, swahili na Tanzânia, Quênia e Uganda; Zulu, Xhosa e outras na África do Sul, suazi na Suazilândia, malgaxe em Madagascar. Finalmente, é bom lembrar que em certos países existem línguas importantes, com grande número de falantes, embora não sejam oficiais: é o caso das línguas yoruba, hausa e igbo na Nigéria. No continente africano existem cerca de 1500 línguas faladas, entre idiomas oficiais e dialetos reconhecidos.
Programa  apresentado:
Xirê para Oxum, cantada na língua yorubá,   é uma canção dirigida à deusa das águas doces, a quem se pede força vital ( axé), roupas (axó) ; alimentos (unjé), calçados (batá) ,  recursos financeiros (owó),  habitação (ilê), e descendência/filhos (Omó).      Desde tempos primórdios, a humanidade  tem procurado saber  o que é o princípio de todas as coisas.
 Os primeiros filósofos  acreditavam que a água  fosse  o principio da vida. Hoje sabemos que 65 a 70% do nosso corpo é constituído por água, o planeta terra tem 75% do seu volume de água.  Os povos africanos sempre reverenciaram a natureza, a água, responsável pela vida tanto  humana, quanto animal e vegetal e que na forma dos rios  facilitava o deslocamento, o comércio e a circulação das riquezas.
,Nobody Knows (em inglês)  . Música cantada por negros americanos  em suas celebrações de quando buscavam forças para superar os sofrimentos  nas  terras do novo mundo. Em tradução livre significa: Ninguém sabe dos problemas que tenho, mas Jesus sabe. Gloria, aleluia.Há momentos em que estou para cima, momentos que estou para baixo. Sim senhor estou quase no chão. Eu nunca vou esquecer aquele dia, em que Jesus lavou os meus pecados, Glória, Aleluia! 
Caçador de Mim, de Milton Nascimento cantor e compositor    negro brasileiro que todos conhecem.
Tributo a Jeová   –   gospell   - um estilo negro de cantar dos negros norte-americanos
Pagando promessa - canção relacionada com os maçambiques e quicumbis, celebrações afro-católicas do Rio Grande do Sul, preservadas no litoral norte do estado.
Vamos mudar de estilo musical e cantar,  SINA de Djavan
 Meu cabelo em paz (RAP)
 Autores: Lessandro Lara (Koyadê) e Oliveira Silveira
  Cantos, Contos e Lendas (Rap)
Autores:  Jonatas Prates e Eduardo da Silva Amaro ( compositor da cidade de Pelotas)

 João Bosco e Aldir Blanc compuseram  na década de 70 um samba-enredo em homenagem a João  Cândido Felisberto, o marinheiro negro, gaúcho que comandou a Revolta da Chibata, em  1910, no Rio de Janeiro, levante  contra a situação que imperava na Marinha Brasileira de castigar os marinheiros, que eram em maioria negros, com chibatadas, mesmo depois de abolida a escravidão. A letra original foi alterada pela censura do governo militar da época.  Mestre-sala dos mares, com sua letra original.

 Kizomba. (Samba enredo  da Escola de Samba Vila Isabel , campeã do carnaval do Rio de Janeiro .
Autores: Rodolfo, Jonas e Luiz Carlos da Vila


O Jornal local publicou a seguinte nota:
MÊS DE NOVEMBRO É O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
Até o início da década de 1970, a principal comemoração relativa ao fim da escravidão no Brasil era o 13 de Maio – data em que a princesa Isabel assinou a chamada Lei Áurea, extinguindo oficialmente a escravidão. Mas o fim da Escravidão, não trouxe nenhum direito ao povo negro; direitos básicos como: trabalho, moradia, saúde e educação. Inclusive a Lei Aurea era composta de somente 2 ( dois) artigos, o primeiro dizia que era extinta a escravidão no Brasil, e o segundo que se revogava qualquer disposição ao contrário. O povo negro após Lei Áurea se tornaria o favelado de hoje. Em 1971, porém, em plena ditadura militar, um grupo de militantes negros do Rio Grande do Sul, entre eles o professor Oliveira Silveira, decidiu que a melhor data para se pensar no que foi a “Abolição da Escravatura”, seria a da possível morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1695. Zumbi morreu em combate, após comandar durante mais de uma década um movimento de resistência contra a escravidão. Chegou a reunir milhares de rebeldes no Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Zumbi dos Palmares torna-se símbolo de resistência e força para o povo negro.
Será que ainda existe preconceito racial? Aqui em Palmares do Sul?
Alguns Baptista Rosa, respondem: Não adiantou terem sido chamados de BIGUÁ da Norma, ou falaram que estavam fazendo Festa na Senzala da Norma. Neste caso a Afetividade falou mais alto, foi a mãe branca de Norma Bernardes que amamentou o filho de uma negra. E no mês da Consciência Negra. Os negros: Eulália. Lauro, Angelita, Conceição e Leonardo, prestam homenagem a esta anciã Norma Marques Bernardes, que já foi chamada até de princesa Isabel e que neste ano completa 85 anos, e ajudou sua mãe a criar 5 negros. Norma é neta de um dos fundadores de Palmares, a última Bernardes legítima desta linhagem, seu avô doou as terras, onde estão a praça central e a Igreja matriz no centro de Palmares do Sul.
Será dia primeiro de dezembro com a divulgação do Caderno de Doces Receitas e Recordações de Norma Bernardes e a presença do CORAL do Centro Ecumênico da Cultura Negra CECUNE, de Porto Alegre. O trabalho do Coral do CECUNE Junto ao público, nas suas relações com a comunidade escolar ou em espaços culturais, se qualifica como instrumento pedagógico que se soma a outras tantas iniciativas direcionadas para o cumprimento da Lei Federal nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, que institui a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, e que também inclui no calendário escolar o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. 







segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Dia 24 de novembro de 2012
Cidade: Caxias do Sul - RS
Programação conjunta: 2ª Semana das Etnias Promoção e Coordenação do Ponto de Cultura Casa das Etnias e  Semana Oficial do Hip Hop Ano II  -Caxias do Sul
Apoio: Pontos de Cultura "Capoeira, Cultura que Une" e "UAB Cultural"
Local: Sala de Teatro Prof. Valentim Lazzaroto ( Centro Municipal de Cultura Dr Henrique Ordovás Filho)
Bairro Panazzolo

Fotos: Juarez Ribeiro
Centro Cultural Ordovás Filho
Rua Luiz Antunes, nº 312 - Bairro Panazzolo

tomada de palco



o público chegando

grupo de estudantes senegaleses

asistindo à tomada de palco


no camarim, antes da apresentação - tudo pronto!


 inicia o show - no primeiro plano, a banda: Ânderson, Degenê, João Fernando, Yasmini e Vladimir.

Abrimos o espetáculo com uma evocação à Àfrica, através da junção de duas canções angolanas associadas a três poemas brasileiros: Poeira, um lamento  do cantor angolano Barceló de Carvalho - mais conhecido por Bonga   seguida de Muxima, canção tradicional de Angola, adaptada pelo músico angolano  Liceu Vieira Dias,  um dos responsáveis pela consolidação da identidade musical angolana no período de transição (pós independência). Muxima, no idioma Kimbundu, significa “coração”. 
Foram recitados os poemas: O CANTO DA LIBERDADE, de Solano Trindade, SINTO ÀS VEZES QUE SOU UMA CRIANÇA SEM MÃE  e   ENCONTREI   MINHAS ORIGENS, ambos do poeta gaúcho  Oliveira Silveira.


Poeira
Autor: Bonga

Era poeira do posto
Roeira na rua pra nos kuatar
Vento era empoeirado
ventava os cubicos
nos empobrecer.

Poeira com impureza
Sempre levantou
E nos bofocou
Roda , sai do rodopio
Que o chefe do posto vai te zangular

Lembro , eu era kanuku
Fugia da cerca pra salvaguardar
Me lembro, toda essa desgraça
Negros transpirados
da rusga fugir.



Vladimir Rodrigues dizendo :
O CANTO DA LIBERDADE 
Solano Trindade)

Ouço um novo canto,
que sai da boca,
de todas as raças,
com infinidade de ritmos…
Canto que faz dançar,
todos os corpos,
te formas,
e coloridos diferentes…
canto que faz vibrar,
todas as almas,
te crenças,
e idealismos desiguais…
É o canto da liberdade,
que está penetrando,
em todos os ouvidos…



Kyzzi  Barcelos Rodrigues recitando 

SINTO ÀS VEZES QUE SOU UMA CRIANÇA SEM MÃE
(Oliveira Silveira)
Sometimes I feel like a motherless child/
a long way from home... (Um spiritual)

É,
sinto às vezes
que sou uma criança sem mãe
que vai pelo mundo
à procura de quê?  de quem?
Sinto às vezes que sou uma criança sem mãe.

Que negro poderá dizer
que nunca se sentiu
uma criança sem mãe
que pelo mundo vai?
que pelo mundo vai?

Que negro poderá dizer
que nunca se sentiu
uma criança sem mãe
que vai pelo mundo
à procura de quê? de quem?

Que negro poderá dizer
que nunca se sentiu
uma criança sem mãe
mesmo em África-mãe?

É,
nenhum poderá dizer
que nunca se sentiu
uma criança sem mãe
que vai pelo mundo à procura ,talvez
da suave mão que chame: vem
da doce voz que diga: fim.

Sinto às vezes
que sou uma criança sem mãe.
É.


Angelita Baptista  recitando:


ENCONTREI MINHAS ORIGENS
(Oliveira Silveira)


Encontrei minhas origens

em velhos arquivos

livros
encontrei  em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei  minhas origens no leste,
no mar

em imundos tumbeiros

encontrei  em doces palavras , cantos

em furiosos tambores, ritos.



Encontrei  minhas origens

na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim.
Em minha gente escura,
em meus heróis altivos,
encontrei!
encontrei-as ! 
Enfim,  me   encontrei.




Sopranos: Kyzzy, Vera Regina, Cristiane e Josi

Contraltos:  Luciane, Suzana e Angelita

Jorge Artur(baixo), Lizandro e Antônio Amaral(tenores)

Lizandro Paim  cantando "Meu cabelo em Paz"
Rap de Lessandro Lara (Koyadê) e Oliveira Silveira

Meu cabelo…
Deixa meu cabelo em paz !

Cabelo  carapinha, engruvinhado, de molinha,
Black power, dread  lock ou trancinha
Cabelo puro que dizem que é duro
Cabelo belo que eu não corto a zero
Não nego, assumo, assino: pixaim
Cabelo bom que dizem que é ruim
E mesmo assim fica bem em mim,
Porque eu quero, porque eu gosto, porque sim,
Porque sou assim, quero ser mais eu, quero ser mais neguim



Cabelos que negros,  cabelos que negros
É poesia ritmada, é puro sentimento
Inspirada nas palavras, poesia verdadeira
Poeta negro Oliveira Silveira
Pode crer, dos meu! Eu entendo este drama
Tem gente que não entende e ainda reclama
A gente raspa o cabelo, estica e faz chapinha
Maldito padrão de beleza que nos discrimina
E não nos dá o respeito, não nos dá emprego
Tem que raspar o cabelo, tem que alisar o cabelo
Eu quero só o respeito não quero nada de mais
Deixa o meu cabelo em paz! 



Megga hair, hennê, pasta fria, tanto faz
Por Oduduwa, deixe meu cabelo em  paz!
Eu quero mais é ser assim do meu jeito
Vencendo as barreiras, vencendo o preconceito
Daquele jeito eu vou levando, sangue bom!
No samba-rock, hip hop é o som!
Se liga mano, se liga mina
Se liga no que o mano Koyade manda na rima
Eu vim aqui para falar na humildade
Sinceridade e não o dono da verdade
Venha comigo e não esqueça nunca mais
Deixe seu cabelo em paz!  

Meu cabelo…
Deixa meu cabelo em paz !

A todos os manos e manas que levam a vida numa boa
Desejo tudo de bom com todo respeito por qualquer pessoa
Que tenha saúde e felicidade e o resto corra atrás
Muita paz, muita paz, muita paz! 

Meu cabelo…
Deixa meu cabelo em paz !



a diversidade na platéia

percussão cheia de balanço


casa cheia


apresentador: Lisandro Paim


E o programa se desenvolveu com:
Jongo do Irmão  Café
Autores: Wilson Moreira e Nei Lopes
Arranjo vocal: Laércio Guedes de Faria

  Pagando Promessa
Autor: Kako Xavier
Arranjo Vocal : Laércio Guedes de Faria 
com as seguintes músicas incidentais, todas canções relacionadas com os maçambiques e quicumbis, celebrações afro-católicas do Rio Grande do Sul
- O Tambor ta Batendo, música de domínio público
          -Ventre livre Autores:  Ivo Ladislau e Carlos Catuipe

- Maçambique de branco Autores: Cassio Ricardo e Juarez Weber de Branco”
- Vamo-nos emboramúsica de domínio público. 

Sirê  para Oxum
Canção de domínio público 
Arranjo Vocal : Luiz André da Silva    
                  
  Sina
Autor: Djavan
Arranjo vocal: Alexandre Zilahi

Mestre-sala dos mares, com sua letra original. 
samba-enredo composto por João Bosco e Aldir Blanc   na década de 70 um em homenagem a João  Cândido Felisberto, o marinheiro negro, gaúcho que comandou a Revolta da Chibata, em  1910, no Rio de Janeiro. A letra original foi alterada pela censura do governo militar da época. 
O Coral do CECUNE recupera essa letra que foi censurada. 

Meu cabelo em paz
Autores: Lessandro Lara (Koyadê) e Oliveira Silveira
Arranjo vocal: Coral do Cecune

 300 anos
Autores : Paulo Cesar Feital e Altay Veloso


 Kizomba festa da raça
Autores: Rodolfo, Jonas e Luiz Carlos da Vila; Arranjo vocal: Luiz André da Silva








Jorge Artur(Onifadê) cantando "Kizomba, festa da Raça", 
de Rodolfo, Jonas e Luiz Carlos da Vila


a platéia levanta, canta e dança junto...









pura emoção!




                          A simpatia do casal  Sérgio Ubirajara (ativistas do movimento negro em Caxias)

O Coral recebe das mãos do Sr Irani Marin um exemplar de "Histórias de Caxias do Sul"
obra organizada Liliana Alberti Henrichs, com textos de diversos autores caxienses, editada pela
Secretaria Municipal da Cultura

Josi Viegas Cunha, Irani Marin e Suzana Ribeiro

Depois do show...
Senê ,Senê,  Sene, Senê-Senegaaal.....







Olha o menino senegalês segurando a criança brasileira (Toumani) para a foto




Conforme postou Cristiane Gomes(Soprano) no seu Facebook:
quando a língua é uma barreira, o som dos tambores estabelece o diálogo 


                                         Pernoite no Centro Diocesano de Formação Pastoral, 
                                                                        na Colina Sorriso

                                                          Muito verde!  Muito oxigênio!



Carmem  de Souza  "inventando coisas" com os
nossos mascotes (Oluiême, Otávio e Toumani)  no pátio 
do Centro Diocesano. Faltou o Gabriel na foto.



                                                 ensaio, no domingo, 25,  depois do café
liberando o corpo


João Fernando, Vladimir, Degenê e Ânderson




                                                     dia 25, prontos para retornar a Porto Alegre
                       Nesta foto aparece  gente que não esteve no palco:  Juarez Ribeiro Coordenador-Geral do CECUNE, cantor licenciado (que fez estas fotos),  Laércio Guedes(maestro),  Gabriel Araújo(mascote crescidinho) e a  cantora licenciada Carmem Lúcia de Souza, que nesta viagem tomou conta dos pequenos.




















quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Coral do CECUNE na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre
09 de novembro de 2012
Fotos de Lilian Lira

Passagem de som


Homenagem à Africa com música angolana e poema de Solano Trindade

baixo e tenores

Contraltos

 Sopranos

a banda